Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

24.11.06

Self-service by chargeonline

11.11.06

O aprendiz de cachaceiro

Na última sexta, durante meu intervalo de almoço, um cidadão com algumas doses acima do limite encontrava-se na fila. Como estávamos desfalcados no caixa por motivos de saúde de um colega e, ainda por cima, tratava-se do fatídico dia 10, a fila estava longa e o povo, aborrecido.
O elemento chegou falando alto, reclamando de tudo e de todos. Aos caixas, dizia assim:
- Vamo (sic), vamo com isto. Têm que fazer mais concurso e demitir esse pessoal aí que tá muito lento.
- Tu aí, tu vai prá rua!
- Esse outro daí é muito lerdo.
Continuou a ladaínha até que o viu o gerente passando por trás dos caixas para pegar um documento e lascou:
- É o gerente?
- Ô bacana! Tu também tá demitido!
A versão bebum do apresentador do programa "O Aprendiz" chegou ao ápice ao passar pelo vigilante (que era só umas três vezes maior que ele) na saída e, gesticulando, insinuar que o esperava na saída para um ajuste de contas...

Sobre recordes (by www.chargeonline.com.br)




7.11.06

O que é trabalhar em banco?

* Você trabalha em horários estranhos (que nem as putas)
* Te pagam pra fazer o cliente feliz (que nem as putas)
* O cliente até que às vezes paga muito, mas teu empregador fica com quase tudo (que nem as putas)
* Seu trabalho sempre vai além do expediente (que nem as putas)
* Você é mais produtivo à noite (que nem as putas)
* Você é recompensado por realizar as idéias do cliente (que nem as putas)
* Seus amigos se distanciam de você, e você só anda com outros iguais a você (que nem as putas)
* Quando vai ao encontro do cliente, você tem de estar sempre apresentável (que nem as putas)
* Mas quando você volta, parece saído do inferno (que nem as putas)
* O cliente quer sempre pagar menos e que você faça maravilhas (que nem as putas)
* Quando te perguntam em que trabalhas, tens dificuldade de explicar (que nem as putas)
* Se as coisas dão errado, é sempre culpa sua (que nem as putas)
* Todo dia, ao acordar, você diz:
Não vou passar o resto da vida fazendo isto! (que nem as putas)

Autor desconhecido - reproduzido de uma comunidade bancária no orkut

Exaurido da jornada

Segunda-feira foi cansativo. Começou com a queima do horário por causa da adaptação ao horário de verão: cheguei em cima do laço. Gente aos borbotões, não sei de onde saíram. O pior é que muitos deles encaram uma fila braba (hoje foi em torno de 30 minutos, para mais) para pagar água-luz-telefone que até caixa de supermercado aceita. Não adianta, quando a cabeça não ajuda, o corpo padece.
Depois de enlouquecer até às 16:30 atendendo o povo, olho para trás e vejo pilhas de malotes e depósitos em envelope para fazer...
Após quase 600 autenticações no dia, pelas 19 horas, quando estava prontinho para sair, eis que o servidor da agência dá pau! As máquinas do auto-atendimento enlouquecem... e você está só com mais dois colegas na agência, vendo o pepino explodir na manhã seguinte. Aí tem que pedir socorro para o pessoal técnico: liga-desliga isto e aquilo, reinicia computadores e reza para dar certo.
Aí já são quase 20 horas e você vai para casa... anuncia o desmaio iminente para a esposa e as filhas e desaba na cama até a meia-noite, quando começa a fazer aquele trabalho urgente da faculdade para o dia seguinte.
Bancário trabalha só 6 horas, viu?

5.11.06

O Rei nunca perde a majestade

Esta história ocorreu na sexta-feira, no município vizinho, segundo relato fidedigno de um colega:
Sexta-feira, agência cheia, 14 horas, um cidadão tranca na porta giratória. Tirou celular, chaves e o escambau e não teve jeito, a porta trancava. Irritado, ele chamou o gerente que disse que teria que revistá-lo para deixá-lo entrar.
- Negativo, ninguém me revista!
- Então o senhor não poderá entrar.
- Então aqui ninguém entra!
O rapaz não tinha visto que atrás dele estava o Rei Momo da cidade, 200 kilos distribuídos em 1,80m de altura. O Rei pegou o rapaz por baixo das axilas e, como um boneco, colocou-o de lado e lascou:
- Eu vou entrar, os outros eu não sei. Tu tens alguma coisa para me dizer?
- Não, nada não.
E a vida seguiu em paz.

3.11.06

Para fechar a semana com chave de ouro

Pessoas, eu achei que havia visto de tudo.
Estava enganado até hoje pela manhã, quando pelas 11 horas, agência cheia, velhinhos recebendo, ecoa pela agência um poderoso BAM!
Uma batida violenta no vidro que separa a sala de auto-atendimento dos caixas acordou o povo. Assalto? Não desta vez. Um potente cruzado de direita arremessou a cabeça de uma moça de encontro ao vidro, seguidos de vários jabs em seqüência. Foi lindo. Quatro moças menores de idade (mas não de tamanho) travaram uma feroz e selvagem luta corporal em plena sala de auto-atendimento. Foram os 15 minutos mais longos do dia.
Três contra uma, mas que uma! Maior do que eu e com uma bela envergadura. Uma senhora tentou apartar mas levou um mata-cobra no lado do ouvido. O pessoal da fila apelou desesperadamente aos seguranças do banco para apartar mas, quem saberia se aquele circo não era uma "pegadinha" do PCC?
Vaca, p#$@, vagabunda e outros impropérios foram desferidos em meio a upper-cuts, pontapés e puxões de cabelo. Uma das três moças saiu da agência e, na volta, porrete na mão, tentou equilibrar a disputa. Nova rodada de gritos e porradas. O pau comia solto até que, para o desagrado da platéia, um brigadiano não deixou mais as moças brigarem em paz. Chumaços de cabelo abundavam no ringue de auto-atendimento.
Que dia, meus amigos, que dia...

1.11.06

Desgraças do cotidiano violento

Hoje foi o primeiro dia de pagamento dos aposentados do INSS. Vocês não imaginam quantos deles sobrevivem com um salário mínimo e ainda por cima passam por todo o tipo de privação que este vale de lágrimas pode proporcionar. É de chorar no cordão da calçada.
Uma senhora sacou seus parcos R$ 350,00 pela manhã e, à tarde, chegou desesperada na agência: haviam roubado seu pagamento no ônibus no trajeto para a casa. Dá para imaginar a cena? A velhinha chegando no caixa e, entre soluços, dizendo "que não tem mais ninguém nesta vida" e que está sem dinheiro até para a passagem do ônibus...
O pior é que o tipo de benefício dela não permitia nem fazer aqueles empréstimos consignados para aposentados e o que pudemos fazer na hora foi uma vaquinha entre os caixas para dar uma força.
Se não bastasse os grandes corruptos que desfalcam a previdência social, ainda por cima existem cretinos desumanos capazes de roubar velhinhos aposentados que mal ganham para comer.