Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

1.2.07

Um ambiente nada romântico

Já falei das loucuras que ocorrem nos últimos dias do mês? Pois hoje tivemos ainda a sorte de ter um apagão em quase toda a "Faixa de Gaza". Do Obirici à Alvorada entre 10:45 e 12:20 ficamos sem luz e como hoje em dia tudo é informatizado, ficamos à mercê das baterias do no-break que apitavam anunciando o fim-do-mundo. Para poupar bateria desliga-se tudo o que não é essencial no funcionamento da agência, mantendo somente os caixas autenticando, antes que o computador dê o seu último suspiro.
Para ajudar houve dois agravantes: primeiro que a principal entrada de ar da agência é por meio dos aparelhos de ar condicionado (que se desligaram), segundo é que a porta giratória começou a enlouquecer e apitar sem parar. Depois do meio-dia a neurose era autenticar correndo, suando e com um zumbido estridente nos ouvidos...
Hoje deu para ver o quando a tecnologia nos deixou dependentes da eletricidade e o quanto a falta dela afeta o humor das pessoas.
Ainda pela manhã um senhor negro com uns 50 anos entrou indignado porque teve que tirar o cinto das calças para passar na porta. Depois que ele bateu boca com o segurança, tentei aliviar a tensão explicando que em função da região ser muito violenta a porta precisava ser sensível e que isto não tinha nada a ver com discriminação racial, etc. Ele olhou para mim e disse: eu conheço a região e entendo isto. Mas aquele guardinha não gosta de negros e eu sei porque: deve ter um negão agarrando a mulher dele!

1 Comments:

  • At 9:07 PM, Anonymous Anônimo said…

    putz... só quem trabalha em agencia pra saber o que é isso...

     

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