
Hoje foi um dia tedioso, quase jogamos dominó nos caixas. Mas ontem, não. Nas segundas-feiras os bodegueiros de toda a região pagam fornecedores, o pessoal que largou cheque-atleta (aqueles em que corremos ao banco para cobrir seu fundo) durante o fim-de-semana e outros desocupados chegam aos borbotões. Alguns estúpidos também. Ao chegar na triagem da porta giratória, um senhor de uns 70 anos pede para ir na fila dos idosos, passando à frente dos que estavam fora da agência mas, estando lá dentro, acha melhor furar a outra fila. O vigia pede que ele respeite a ordem de chegada e fique na fila dos idosos. O estagiário faz um apelo semelhante e ele lasca:
"não saio daqui, daqui ninguém me tira". Então tá.
Estava atendendo a fila do furão e, quando chegou sua vez, pedi:
"o senhor poderia aguardar um minutinho?" e saí dali. Primeiro fui falar com um colega sobre como estava o mar no sábado, quão limpa e gelada estava a água na praia naquele fim-de-semana. Fui então ao banheiro e, após fazer o indispensável, fui falar com outro colega para discutir um assunto qualquer. Peguei então um cafezinho e, ao saboreá-lo, comecei a pensar sobre a origem do universo e a natureza humana. Depois de uma profunda reflexão de uns 10 minutos, lembrei-me do idiota da fila e fui então na sala onde estão os monitores das câmeras de vídeo interno para ver a cara dele e como seria a melhor expressão facial da impaciência. Voltei então ao caixa em "slow motion" para não me estressar e, como já havia chegado a vez do sujeito na fila dos idosos, ele acabou sendo atendido no tempo adequado.
Mais tarde, ao relatar o ocorrido ao gerente e pedir um conselho sobre como proceder, ele disse o seguinte:
"nós não podemos nos negar a atender este tipo de pessoa, mas atenda ela bem devagar..."Tive aquela sensação bacana do dever cumprido.