Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

27.7.06

Dor de homem sovina

Os caras chegam sempre sisudos, não parecem muito convictos do que irão fazer até chegar ao caixa e pedir: Quero fazer um depósito na conta da fulana, geralmente uma caderneta de poupança, o que é um indício forte.
Aí você olha para o ciclano e ele, vacilante, parece não querer largar o dinheiro, até que cede e geralmente larga um comentariozinho: é... pensão é a única cadeia certa neste País. Ou outra, contrariada: o cara trabalha e ainda tem que sustentar uma dondoca #@&$*! Tem a engraçada, que um cara uma vez lascou: esse é o auxílio-ricardão - eu trabalho e ela está lá, com outro...
Mas não dá para se solidarizar, não com o valor das "pensões" (geralmente frações de um salário mínimo) que dariam talvez para suprir as necessidades alimentares de um cachorro, dos pequenos. Imagina se tem filho na parada... putz, coitados!