Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

16.6.06

A última linha de zaga

Muitos se queixam dela, dos seus rigores, dos seus caprichos. Nós gostamos muito dela, achamos que ela é incompreendida, ignorada na sua natureza, mas vital para nossa segurança. Se não fosse por ela, teríamos um guichê só para atender a assaltantes. Apesar do seu ruído irritante (um agudo "biiiiiiiiii") assim mesmo vemos nela a última linha da zaga para nossa segurança pois, depois de transposta não há o que fazer. Quando ela detecta um metalzinho qualquer respiramos aliviados.
Ouvimos os palavrões abafados, os xingamentos, os protestos e toda a série de irritações que muitos clientes (eu mesmo fui barrado numa delas por causa de um CD de música) manifestam, as referências às mães dos seguranças e tudo o mais.
Mas às vezes o povo abusa. Dia desses uma senhora fez um escândalo com "E" maiúsculo porque a porta teimava em acusar o porte de metais. Ela afirmava categoricamente que não tinha nada consigo que pudesse justificar aquele "biiiii" irritante. Quando o segurança pediu para ver sua bolsa, entendeu a teimosia da porta. De fato, não havia nenhuma submetralhadora mas, em compensação, uma lata de refrigerante vazia, uma lata de extrato de tomate e uma tesoura não deixavam a porta mentir.
Outro dia uma senhora quase entrou em luta corporal com um segurança porque umas vinte pulseiras metálicas em seu braço faziam a porta apitar: "onde já se viu eu não poder me vestir como quero quando vou ao banco..."

1 Comments:

  • At 12:31 AM, Anonymous Anônimo said…

    bah, pior que isso, só uma vez que uma cliente nossa foi barrada. Nunca tinha visto a mulher, o segurança barrou. Um calor de 40 graus e ela com um sobretudo preto e uma pastinha, o segurança olhou a pasta e nada, mas sabe-se lá o que tinha por baixo do sobretudo, a mulher ficou louca, gritou, chamou a policia (acredite: ela chamou a policia) e no fim das contas, a blusa que ela usava por baixo e que fazia questão de esconder (pois era indecentissima), era cheia de fechos...

     

Postar um comentário

<< Home