Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

17.6.06

Pittboys atacam nas filas

Eles geralmente são irritados, falam alto, brigam por qualquer coisa, provocam, às vezes quase chegam às vias de fato, tocam o maior terror em dias de grandes filas e, detalhe importante, têm sempre mais de sessenta anos: são os pittboys da terceira idade.
É curioso como uma lei que os beneficia quase sempre é o mote para armar o maior barraco. Uma vez uma senhora estava aguardando na fila normal quando viu outra ir direto ao caixa especial que estava vazio e não se conteve: que pouca vergonha, furando fila, e por aí foi. A resposta veio direto: só porque a senhora é analfabeta ou retardada e não quis usar a fila preferencial eu não tenho culpa, e mais uns quantos desaforos foram desfiados de bate-pronto.
Uma vez achei que dois velhinhos fossem se agarrar pelos cabelos na primeira hora da manhã pelo mesmo motivo. Alguns não usam o direito e não querem que outros usem, chegando a provocações do tipo: se eu tivesse sua idade com a sua saúde teria vergonha de furar a fila, etc.
O curioso é que está surgindo um novo profissional: o office-avô. Como eles têm passe-livre para usar ônibus e filas especiais nos bancos, algumas empresas contratam os velhinhos para fazerem o papel de office-boys e pagar suas contas. Tem um senhor que religiosamente chega pelas 15 horas, cabelo e bigode tipo lacraia sempre bem tingidos de preto, óculos escuros, cumprimenta a todos sempre bem humorado e chega ao caixa com uma pilha de pagamentos de Pessoa Jurídica. Sempre puxa conversa sobre algum assunto do cotidiano e muitas vezes nos convida para algum baile para terceira idade que haverá logo mais. Uma figura esse senhor, pelo menos é do bem.

1 Comments:

  • At 11:04 PM, Anonymous Anônimo said…

    Pra que fila preferencial? Não tem um papo de que com a idade chega a sabedoria? Então depois de 70 anos de idade é obrigação da pessoa saber a hora que o banco tá vazio.

     

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