Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

6.6.06

Cada um que aparece...

Não dá para acreditar nas figurinhas que aparecem diariamente num banco. Alguns têm uma cara de pau tamanha que mereciam participar de um concurso. Hoje um motoqueiro ganhou muitos pontos ao colocar uma mulher grávida na fila no seu lugar e, quando foi necessária sua assinatura, levantou-se da poltrona onde estava sentado, furou a fila, assinou seu documento e se mandou, ambos rindo dos demais. Semana retrasada foi comigo. Estava trabalhando com minha cabecinha abaixada quando surgiu aquela senhora, pagamentos em punho, para ser atendida. Quando fiz menção em receber seus documentos, a turba se rebelou em uníssono. Só então compreendi que a singela senhora havia saltado olimpicamente do fim da fila dos idosos para o meu guichê, sem escalas. Sabem o que ela disse? Moço, eu quero ser atendida agora. Eu não sou idiota como estes aí para ficar aguardando na fila... se eles são bestas de ficar esperando, eu não sou: quero ser atendida agora. E desfiou mais um rosário de impropérios ante os protestos do pessoal da fila.
Cara, nos primeiros segundos fitei aquela figura bizarra, que parecia uma apóstola devota da Lei de Gerson. Falei tranquilamente: minha senhora, eu não posso e não irei lhe atender na frente das outras pessoas da fila. A senhora queira por favor aguardar a sua vez. É mole?