Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

23.5.06

Dando asas à imaginação

Uma das comodidades de se trabalhar numa agência bancária é o conforto térmico, até porque seria a ante-sala do inferno se não houvesse esta mordomia para funcionários e clientes. Durante o verão, principalmente, os aparelhos de ar condicionado estão sempre com carga total, chegando a causar mal-estar o choque térmico proporcionado para quem desfruta do calor senegalês de Porto Alegre.
O choque para os mortais atrás do balcão é de outra natureza. Existem clientes que gostam de usufruir deste oásis de frescor de uma forma inusitada: ao serem atendidos no caixa, eles apóiam seus cotovelos no alto do guichê para dissiparem mais calor, porém, com sua absoluta incompreensão do papel civilizatório do desodorante somada à corrente de ar em sentido contrário, somos brindados com uma acentuada concentração de odores desagradáveis que abalam nossos sentidos.
Às vezes chego a pensar que se trata de uma tática maléfica para causar confusão mental ou obrigar o pobre caixa a acelerar o trabalho, a fim de se ver livre o quanto antes do suplício.