Na boca do caixa

Extrato diário da vida de um bancário, direto da Faixa de Gaza.

13.12.06

O final de uma epopéia idiota

Cara, dezembro é o fim. E ainda está só começando. As duas últimas semanas foram muito duras e ontem foi particularmente cansativo quando, após 427 autenticações, constatei que havia uma diferença de 40 paus... fiquei tão animado...
Quando temos uma diferença no caixa precisamos elaborar hipóteses que permitam uma busca frutífera e após uma rápida revisão, vi que teria que ir para a fita de caixa, olhando as operações uma-a-uma. Depois das 18h de um dia daqueles, 40 contos não valeriam tanto esforço. Levei a fita de caixa para casa, afinal 40 pilas dão alguns fardinhos de ceveja...
Lá pelas 7 e meia da matina do dia seguinte, sorvendo meu chimarrão, lancei-me à excitante tarefa de ver em quais das 427 operações eu tinha feito cagada. Achei depois de 20 minutos de procura e, vejam só, foi um erro de digitação.
O esperto aqui deveria ter somado R$ 43,56 e somou R$ 4,56 no lugar, comendo um 3. Já pensou nisto? Por não ter apertado uma porcaria de 3 eu estava ali, aflito atrás de uma diferença que poderia ter sido muito maior...
Este não era o maior problema. Depois de pesquisar no lixo de caixa, vi que se tratava de uma conta do Departamento de Água e Esgoto de Porto Alegre, vulgo DMAE, cujo canhoto em meu poder não continha nenhuma informação que pudesse identificar rapidamente seu dono. A partir do código do ramal d'água fui até o site da companhia e gerei uma 2ª via da conta, onde aparecia um endereço onde ir. No site do município consultei o mapa digital da cidade, onde vi que era numa vila umas 6 quadras da agência. Agora era só ir conversar com o cliente (que poderia me mandar deixar de ser trouxa e recomendar algo obsceno para fazer, sugestão esta que me deixava um tanto aflito).
Dentro dos meus 60 minutos de almoço, peguei minha moto e me desloquei até a casa indicada no mapa. Bati palmas e vi um rosto familiar abrindo a porta. Me identifiquei, expliquei o ocorrido e fiz minha melhor cara de coitado. A senhora era uma costureira que lembrou de pronto do causo e ainda achou muito estranho ter recebido um troco maior do que esperava. Simpática, me convidou para entrar e na mesma hora reembolsou a diferença... Ainda bem que ela era honesta.

3 Comments:

  • At 10:17 AM, Anonymous Anônimo said…

    caracas, já fui caixa e já passei por esta situação comentada "(que poderia me mandar deixar de ser trouxa e recomendar algo obsceno para fazer, sugestão esta que me deixava um tanto aflito)"... que sufoco!!! Parabéns pelo blog! Um abraço.

     
  • At 2:09 PM, Anonymous Anônimo said…

    Tb já fui caixa, e coisas desse tipo acontecem. Mas uma vez, depositei e esqueci de pegar o dinheiro, falei com a suposta pessoa, e ela falou q tinha me dado o dinheiro, mas NUNCA mais foi no meu caixa, e depois parou de frenquentar a agência, são coisa da vida...

     
  • At 8:13 PM, Anonymous Anônimo said…

    ah...já fiz uma mierda parecida, o problema foi com o zero!! eu deveria pagar ao sujeito obscuro o equivalente a 200 dólares, mas coloquei apenas um mísero zero a mais, e o valor se transformou em 2.000 dólares...nem gosto de lembrar...vale ressaltar q o sujeito sumiu (claro) e eu continuo empregado! :-)

     

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